quinta-feira, janeiro 22, 2009

terça-feira, janeiro 20, 2009

Perguntas?

Li um livro do psiquiatra e psicoterapeuta Jorge Bucay e fiquei fascinado com as suas alegorias, os seus contos que após serem contados, ficamos a perceber de imediato a verdadeira realidade.

Deixo aqui algumas das perguntas que o paciente faz ao Jorge.

Dificil, não?
Quase impossivel?
Ou talvez...francamente impossível?
Como se vive sendo diferente?
Que sentido tem viver atormentado?
Pode-se viver de outra maneira sendo lúcido ou, pelo menos, tendo a mente clara?
Se não fosse assim, para que trabalho eu nas minhas questões?
Para que faço terapia?
Qual é a função de um terapeuta? Desadaptar as pessoas que supostamente o procuram por estarem a sofrer?
E que faço eu nesta procura?
Então, o que faço é trocar um sofrimento por outro, que nem sequer me dá o consolo de ser partilhado por quase toda a gente?
Que é a psicoterapia? Uma enorme fábrica de frustrações para "gente especial"?
Uma espécie de seita de sádicos, inventores de sofisticados métodos de tortura refinados e exclusivos?
Será verdade que, melhor que viver na ignorância de um universo inventado, é sofrer intensamente a realidade?
Para que se pode utilizar a consciência plena da solidão e o compromisso existencial para consigo mesmo?
Que vantagem, por favor, que vantagem tem habituar-se a não esperar nada de ninguém?
Se o mundo tangível é uma porcaria, se as pessoas reais são uma merda, se as situações autênticas das nossas vidas são uma complicação, será saudável enterrar-se em trampa e passear por entre os dejectos da humanidade?
Não terão razão as religiões que oferecem consolo ali para o que não se consegue obter aqui?
Não terão também razão, quando depositam o trabalho todo num Deus todo-poderoso que se encarregará de nós, se nos portarmos bem?
Não será muito mais fácil portar-me bem do que ser eu mesmo?
Não será, porventura, muito mais fácil e simples aceitar o conceito de bem e de mal que todos aceitam como correcto?
Ou, pelo menos, não será melhor fazer como toda a gente, que age como se estivesse de acordo com ele?
Não terão razão os bruxos, magos, curandeiros e feiticieiros, quando querem sarar-nos com a magia da nossa fé?
Não terão razão aqueles que apostam na capacidade ilimitada de exercer o controlo com a nossa mente sobre todos os factos ou situações externas?
Não será verdade que, na realidade, não existe nada fora de mim e que a minha vida é apenas um pequeno pesadelo de coisas, pessoas e factos inventados pela minha criativa imaginação?
Quem pode crer que isto que acontece é a única possibilidade?
Que obrigação tem outra pessoa de me entender?
Que obrigação tem de me aceitar?
Que obrigação tem de me escutar?
Que obrigação tem de me aprovar?
Que obrigação tem de não me mentir?
Que obrigação tem de pensar em mim?
Que obrigação tem de gostar de mim como eu gostaria?
Que obrigação tem de gostar de mim na medida em que eu gostaria?
Que obrigação tem qualquer outra pessoa de gostar de mim?
Que obrigação tem de me respeitar?
Que obrigação tem, o outro, de se aperceber de que eu existo?
E se ninguém se aperceber de que eu existo, para que existo eu?
E se a minha existência não tem sentido sem o outro, como não sacrificar qualquer coisa, sim, QUALQUER COISA, para que o sentido permaneça ao meu alcance?

...E se o caminho desde o parto até ao caixão é solitário, para quê enganarmos-nos, fingindo que podemos encontrar companhia?

Jorge Bucay
Deixa-me que te conte
Ed. Pergaminho, 2004

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Imortal V2.0

"Mas não importa o que faças,
não importa onde vás.
Eu estarei lá, sempre lá.
Porque viajo contigo,
dia e noite,
sem descanso,
sem limites"


Arrepios...

Orgulho-me de ter nascido numa fase em que todas as músicas faziam sentido, e não eram apenas som. Se há BANDA histórica e que tenha crescido com o som...foram estes! Long Live U2!!

Deixo aqui o concerto numa das cidades que mais me fascina Milão! =)


U2 - I Still Haven't Found What Im Looking Live From Milan


U2 - One

segunda-feira, janeiro 12, 2009

O verdadeiro valor do anel


Era uma vez um rapaz que procurou um sábio em busca de ajuda.

— Venho até cá, mestre, porque me sinto tão tacanho que não tenho vontade de fazer nada. Dizem-me que não presto, que não faço nada bem, que sou lento e estúpido. Como posso melhorar? Que posso fazer para que as pessoas me valorizem mais?

O mestre, sem olhar para ele, disse:

— Lamento muito, rapaz, mas não posso ajudar-te. Primeiro, tenho de resolver o meu próprio problema. Talvez depois... — E, fazendo uma pausa, acrescentou: — Se tu me quiseres ajudar, eu poderia resolver este assunto mais depressa e talvez depois te possa ajudar.

— Com todo o prazer, mestre — gaguejou o rapaz, sentindo novamente que estava a ser desvalorizado e que as suas necessidades eram adiadas.

— Bom — continuou o mestre, tirando um anel que trazia no dedo mindinho da mão esquerda. Dando-o ao rapaz, acrescentou: — Pega no cavalo que está lá fora e vai ao mercado. Tenho de vender este anel porque preciso de pagar uma dívida. Tens de obter por ele a maior quantia possível e não aceites menos do que uma moeda de ouro. Vai e volta com a moeda o mais depressa que puderes.

O jovem pegou no anel e partiu. Assim que chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos comerciantes, que o fitavam com interesse até o jovem dizer quanto queria por ele.

Sempre que o rapaz mencionava a moeda de ouro, alguns riam-se, outros viravam-lhe a cara e só um velhinho foi suficientemente amável e se deu ao trabalho de lhe explicar que uma moeda de ouro era demasiado valiosa para ser trocada por um mero anel. Alguém, desejoso de ajudar, ofereceu-lhe uma moeda de prata e um recipiente de cobre, mas o jovem tinha ordens para não aceitar menos do que uma moeda de ouro e, como tal, rejeitou a oferta.

Depois de oferecer a jóia a todas as pessoas que se cruzaram com ele no mercado, que foram mais de cem, e abatido pelo seu fracasso, o rapaz montou no cavalo e regressou para junto do sábio.

Ele ansiava por uma moeda de ouro para entregar ao mestre e libertá-lo da sua preocupação, de modo a poder receber finalmente o seu conselho e ajuda.

Entrou no quarto do sábio.

— Mestre — disse — lamento muito. Não é possível fazer o que me pedes. Talvez tivesse conseguido arranjar-te duas ou três moedas de prata, mas não creio conseguir enganar as pessoas quanto ao verdadeiro valor do anel.

— O que disseste é muito importante, meu jovem amigo respondeu o mestre, sorridente. — Primeiro, temos de conhecer o verdadeiro valor do anel. Torna a montar no teu cavalo e vai ao ourives. Quem melhor do que ele para nos dizer o valor? Diz-lhe que gostavas de vender a jóia e pergunta-lhe quanto te dá por ela. Mas não importa o que ele te ofereça: não lho vendas. Volta com o meu anel.

O jovem tornou a cavalgar.

O ourives inspeccionou o anel à luz da candeia, observou-o à lupa, pesou-o e respondeu ao rapaz:

— Diz ao mestre, rapaz, que, se o quiser vender agora mesmo, não lhe posso dar mais do que cinquenta e oito moedas de ouro pelo seu anel.

— Cinquenta e oito moedas?! — exclamou o jovem.

— Sim — replicou o ourives. — Eu sei que, com tempo, poderíamos obter por ele cerca de setenta moedas, mas se a venda é urgente...

O jovem correu, emocionado, para casa do mestre, ansioso por lhe contar a novidade.

— Senta-te — disse o mestre depois de o ouvir. — Tu és como esse anel: uma jóia valiosa e única. E, como tal, só podes ser avaliado por um verdadeiro perito. Porque é que vives à espera que qualquer pessoa descubra o teu verdadeiro valor?

E, dito isto, tornou a pôr o anel no dedo mindinho da sua mão esquerda


Jorge Bucay

Deixa-me que te conte

Ed. Pergaminho, 2004

O Elefante Acorrentado...

" Quando eu era pequeno, adorava o circo e aquilo de que mais gostava eram os animais.Cativava-me especialmente o elefante que, como vim a saber mais tarde, era também o animal preferido dos outros miúdos.Durante o espectáculo, a enorme criatura dava mostras de ter um peso, tamanho e força descomunais...Mas depois da sua actuação e depois de voltar para os bastidores, o elefante ficava sempre atado a uma pequena estaca cravada no solo, com uma corrente a agrilhoar-lhe uma das suas patas."
" No entanto, a estaca não passava de um minúsculo pedaço de madeira enterrado uns centímetros no solo.E embora a corrente fosse grossa e pesada, parecia-me óbvio que um animal capaz de arrancar uma árvore pela raíz, com toda a sua força, facilmente se conseguiria libertar da estaca e fugir."
" O mistério continua a parecer-me evidente."
" O que é que o prende então?"
" Porque é que não foge?"
" Quando eu tinha cinco ou seis anos ainda acreditava na sabedoria dos mais velhos. Um dia decidi questionar um professor, um padre um tio sobre o mistério do elefante.Um deles explicou-me que o elefante não fugia porque era amestrado."
" Fiz então a pergunta óbvia:
- Se é amestrado porque é que o acorrentam?"
" Não me lembro de ter recebido uma resposta coerente. Com o passar do tempo esqueci o mistério do elefante e da estaca e só o recordava quando me cruzava com outras pessoas que também já tinham feito essa pergunta."
" Há una anos descobri que, felizmente para mim,alguém fora tão inteligente e sábio,que encontrara a resposta:"

" O ELEFANTE DO CIRCO NÃO FOGE PORQUE ESTEVE ATADO A UMA ESTACA DESDE QUE ERA MUITO, MUITO PEQUENO."

" Fechei os olhos e imaginei o indefeso elefante recém-nascido, preso à estaca. Tenho a certeza de que naquela altura o elefante puxou, esperneou e suou para se tentar libertar.E apesar dos seus esforços não conseguiu, porque aquela estaca era demasiado forte para ele."
" Imaginei-o a adormecer, cansado, e a tentar novamente no dia seguinte e no outro e no outro...Até que um dia, um dia terrível para a sua história, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se com o seu destino."
" Esse elefante enorme e poderoso, que vemos no circo, não foge, porque coitado, pensa que não é capaz de o fazer."
" Tem gravada na memória a impotência que sentiu pouco depois de nascer."
" E o pior é que nunca mais tornou a questionar seriamente essa recordação."
" Jamais, jamais tentou pôr novamente à prova a sua força..."

" - E é assim a vida, Damião.Todos somos um pouco como o elefante do circo: seguimos pela vida fora atados a centenas de estacas que nos coarctam a liberdade."
" Vivemos a pensar que não somos capazes de fazer montes de coisas, simplesmente porque uma vez, há muito tempo, quando éramos pequenos, tentámos e não conseguimos."
" Fizemos então o mesmo que o elefante e gravámos na nossa memória esta mensagem: " não consigo, não consigo e nunca hei-de conseguir...""
" Crescemos com esta mensagem que impusemos a nós mesmos e por isso nunca mais tentámos libertar-nos da estaca."
" Quando por vezes sentimos as grilhetas e as abanamos, olhamos de relance para a estaca e pensamos:

NÃO CONSIGO E NUNCA HEI-DE CONSEGUIR.

"O Jorge fez uma longa pausa. Depois, aproximou-se, sentou-se no chão à minha frente e prosseguiu:"
" - É isto que se passa contigo, Damião.Vives condicionado pela lembrança de um Danião que já não existe, que não foi capaz."
" A única maneira de saberes se és capaz é tentando novamente, de corpo e alma...e com toda a força do teu coração."

Jorge Bucay
( Deixa-me que te conte)
- Os contos que me ensinaram a viver.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Saudades...



Tixa, Carol, Maria, Diana, JB, Resina... este dia ficará para sempre!!

quarta-feira, janeiro 07, 2009

The Return?


I Will Not Stop Being Me !!